24.3.07

atemporais

olhávamos o longo vazio, ao longe, perguntando-nos o que havia de errado. sabíamos que, mais tarde, tudo estaria como sempre esteve, tudo pertenceria ao mesmo lugar de uma vida inteira. apenas idéias chegavam, vindas de confins negros e claros, talvez relances de ações não feitas. o céu não possuia cor, as árvores deitavam-se ao léu, esperando a chuva que não viria; pássaros incensantes choravam lamentos, e nós ali, egos arruínados, na imensidão de algo sem fim. a mente prende, apenas liberta forçada; demora muito tempo para perceber o que está por trás de tudo. e, quando percebe-se, já não existe mais. a vida não foi feita pra ser compreendida, mas admirada e vivida. talvez escapar, fingir que está tudo bem quando, na verdade, nada se encaixa. esforços distorcidos, mesmo não valendo a pena quebrar os fracos elos que te separam da mais fria, e doce, verdade. compreender algo tão simples é o passo mais díficil que alguém pode tentar dar; andar numa estrada de tijolos amarelos, permeando caminhos inóspitos e agradáveis, é uma caminhada apenas de ida; a ida pra um lugar em que ninguém jamais pisou ou compreendeu.

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