4.1.10

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Olá, sanidade. Depois de esmiuçar cada pedaço seu e remoê-lo ao pó, cansei-me. Você, a grande proporcionadora da cegueira mortal que assolou durante muito tempo minha vida, agora pode dizer adeus. Dificuldade e proximidade forçada são o resultado das relações criadas a partir da necessidade mútua para sobreviver em um mundo assolado por segundas intenções, disseste no começo. Porém, nós dois nos demos bem. Até quando deixei meu coração órfão ser finalmente acalentado.
Conforto, para quê? Saudades chegam a ser impossíveis de suportar, elas rasgam o tecido novo, mancham seus lençóis, infestam e derrubam suas paredes, e não se mostram. Você não conhece o rosto da saudade se não sabe a quem ele pertence. É um criminoso perfeito e o melhor veneno, simultaneamente, não deixa rastro, é movido apenas pelo instinto calculado para a morte. Dessa maneira ela corrói suas veias e defesas, se alastra, e você não tem controle.
Vicia.
Sanidade, você não sabe o quão bom é sentir-se vivo. Nunca saberá, aliás.
Sim, silêncio.

Adeus.

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